domingo, 7 de março de 2010

Até um Dia Avô


Hoje eram nove e piques quase 10 e lá estava eu para prestar o meu último adeus ao meu querido Avô.

Existem cenas mesmo lixadas, olhamos á nossa volta num velório e vemos que existem mesmo pessoas que sentem a perda e choram é de louvar essas pessoas. Eram quantas? 3 no máximo…

Caramba, não existia necessidade, a raça humana é de facto a coisa mais hipócrita que existe na face do planeta terra.

Porque se dão as pessoas ao trabalho de viajar kilometros, será que é para ter a certeza que a pessoa morreu ou será porque, ai se não for parece mal? E tal!

Tal situação e alguns comentários só me fizeram tomar uma decisão, levantar-me, despedir-me do meu avô e pedir-lhe desculpas, desculpas porque andamos tão stressados com o nosso dia-a-dia, sempre a adiar para amanha fazer certas coisas entre elas visitar os nosso familiares queridos que não vemos alguns anos. Pedi-lhe desculpa por isso, por não lhe poder dar aquele abraço, mas dei-lhe aquele beijo. Deve ser de família mas também a minha avó tinha aquela expressão, expressão de quem tinha morrido feliz e em paz com a vida, com o sentido do dever cumprido de uma vida que apenas termina no culminar da velhice, assim deveriam terminar todas as vidas.


Resumindo sai dali, daquele meio hipócrita de gente mesquinha e sem interesse e fui para o sitio onde sabia que ele estava, na sua casa nas suas terras ao pé do seu cão. E enquanto uns assistiam ao mais deprimente que existe numa morte, que é ser enterrado num buraco e levar com terra em cima eu estava com ele na paz de um tempo cheio de nevoeiro com chuva miudinha que provoca aquele cheiro da terra molhada com o som da água que corria na ribeira. Falamos e assim nos despedi-mos com a certeza de um dia nos encontrar-mos.

Obrigado Avô

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