sábado, 6 de março de 2010

Avô Manuel


Hoje é um dia triste, morreu o mais importante dos homens vivo responsável por eu estar aqui hoje. Sr. Manuel Nunes, meu avô, pai da minha mãe e um grande senhor. Homem duro e rude, Sr. do campo.
A ele alem de lhe dever o facto de estar aqui, devo-lhe também alguns dos valores que ele sem saber me passou, aqueles verões infinda dos que pareciam não ter fim. Era um tormento, acabava a escola e lá ia eu para a “TERRA”, terra esta nos confins da beira, duas casas apenas sem crianças sem ninguém, dias passados sei lá eu a fazer o que, mas enfim já lá vai e hoje senti saudades desses tempos e não paro de os recordar.
Invejava os meus primos e amigos e que tinham férias a sério com amigos sol e praia e eu ali, sozinho com os dois velhotes.
Mas hoje não é inveja que sinto, tomara eles algum dia terem passado aquilo que eu passei, se é verdade que alguma da juventude foi perdida também muita coisa foi ganha. As lengalengas da avó, a sopa que nuca comi igual, a broa de milho quentinha saída do forno de lenha com manteiga, as batatas fritas cortadas de forma especial com um aparelho cortante que lhes dava uma forma diferente, o tomate “migadinho” ao gosto do freguês.
Saudades que tenho do meu avó me mandar quase obrigado apanhar maças, tarefa que eu tinha que fazer sem responder e lá ia a rogar pragas e pensar o quanto detestava lá estar, hoje quem me dera apanhar maças. Saudades de andar de rabo para o ar apanhar batatas no meio da terra escura ao sol, saudades de andar pelo meio das plantações do milho a tirar a folha e fazer molhinhos com a pescoço e braços todos cortados pela folha do milho, saudades daqueles serões a desfolhar espigas. Saudades daquele dia em que o Sr. Manel me deu para a mão uma foice e me ensinou a cortar a rama das batatas, saudades de ordenhar uma cabra, saudades de matar um porco e ver uma galinha morrer. Saudades do passeio de tractor pelos montes acima para ir ajuntar mato. Saudades daquelas duas e únicas chapadas que levei do avo manel por lhe ter cortado uma fila inteira de pés de milho com uma navalha.
Hoje considero-me de sorte, para rapaz da cidade, criado no bairro onde de tudo me passou pelas mãos, acredito que os 5 anos consecutivos de férias grandes que passei com eles foram responsáveis por muita coisa má que não me aconteceu.
Lamento nunca lhes ter dito o quanto gostava deles, nunca ter dito ao Avó Manel  o quanto o admirava e o quanto o reconhecia em quanto homem e avó.
Antes de ir para a tropa, passei 20 dias com ele, só os dois e avô foram talvez os melhores 20dias que tive, conheci o outro avô e vou ter muitas saudades.
Hoje partiste, foi uma morte limpa sem dor e sofrimento, irei lembrar-te sempre sem nunca te esquecer elembrar o que fizeste por mim, mesmo que não saibas.

Descansa em PAZ

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